Charles Marville no século XIV eternizou o desaparecimento
da Paris antiga fazendo um histórico de imagens do que seria demolido para dar
lugar às praças, parques e edifícios de luxo até o surgimento da cidade
resplandecente de hoje, que as pessoas que ali viviam e trabalhavam, não
poderiam mais morar. Esta foi a cidade de Victor Hugo e dos “Miseráveis” que o
Barão Georges- Eugène Haussmann foi varrendo para dar espaço a burguesa metrópole
que os turistas visitam.
A Paris
de Marville fala através dos tempos expondo todo tipo de humanidade ambientada no caos de
quartos apertados, cantos e esquinas, edifícios de alvenaria manchados com cartazes e propagandas tão pitorescas, mas que
incomodavam o Barão Haussman que via alí somente miséria, congestionamento e
doença, cuja cura seriam os novos espaços com praças amplas, lâmpadas a gás,
palácios culturais e apartamentos dispostos em avenidas retas terminadas em monumentos. Desta surgiram também os cafés
com as mesas na rua, amplas para que coubessem também os cavalos dos
industriais e socialites. A arquitetura harmoniosa vida dos escombros criavam
um ambiente de cidade espetáculo mas para uma nova economia, moderna e não
homogênea, nada acolhedora para as
pobres almas que ajudaram a construí-la.
Estas pessoas que perderam sua identidade cultural não
aparecem nas imagens de Marville, em função dos recursos técnicos da época as
fotos eram realizadas no início da manhã quando as ruas estavam vazias. O que
se percebe são as evidências das vidas passadas entre os paralelepípedos e
lojas esfarrapadas.
Um comentário:
Fontes:
http://www.slate.com/blogs/behold/2014/02/26/photos_document_paris_modernization_in_the_exhibition_charles_marville_photographer.html
http://www.metmuseum.org/en/exhibitions/listings/2014/charles-marville
http://www.nytimes.com/2014/01/31/arts/design/charles-marville-photographer-of-paris-debuts-at-the-met.html
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