quarta-feira, 7 de maio de 2014

Charles Marville -o repórter de uma Paris perdida

Charles Marville no século XIV eternizou o desaparecimento da Paris antiga fazendo um histórico de imagens do que seria demolido para dar lugar às praças, parques e edifícios de luxo até o surgimento da cidade resplandecente de hoje, que as pessoas que ali viviam e trabalhavam, não poderiam mais morar. Esta foi a cidade de Victor Hugo e dos “Miseráveis” que o Barão Georges- Eugène Haussmann foi varrendo para dar espaço a burguesa metrópole que os turistas visitam.


A Paris de Marville fala através dos tempos expondo  todo tipo de humanidade ambientada no caos de quartos apertados, cantos e esquinas, edifícios de alvenaria manchados com  cartazes e propagandas tão pitorescas, mas que incomodavam o Barão Haussman que via alí somente miséria, congestionamento e doença, cuja cura seriam os novos espaços com praças amplas, lâmpadas a gás, palácios culturais e apartamentos dispostos  em avenidas retas terminadas  em monumentos. Desta surgiram também os cafés com as mesas na rua, amplas para que coubessem também os cavalos dos industriais e socialites. A arquitetura harmoniosa vida dos escombros criavam um ambiente de cidade espetáculo mas para uma nova economia, moderna e não homogênea,  nada acolhedora para as pobres almas que ajudaram a construí-la.


Estas pessoas que perderam sua identidade cultural não aparecem nas imagens de Marville, em função dos recursos técnicos da época as fotos eram realizadas no início da manhã quando as ruas estavam vazias. O que se percebe são as evidências das vidas passadas entre os paralelepípedos e lojas esfarrapadas.